quarta-feira, dezembro 06, 2006

** Poemas por encomenda

Palavras com som e música de crianças, promessas escritas em papel quadriculado por entre contas de somar e regras de três simples. Escrevi para os outros o que conseguia, o que não te conseguia contar. Coisa pouca, quadras e sonetos disfarçados, rimas em branco, epopeias em tamanho A4. Linhas e linhas por desiludir, esperanças por envelhecer, a vida em plena imprecisão, o auge da mentira inocente. Os outros agradeciam, e levam as palavras, e usavam-nas como se fossem suas, e desenhavam com o meu punho sorrisos em rostos alheios, e semeavam sonhos que eram teus por direito. Reutilizavam versos, reciclavam verdades, como se tudo não passa-se de quase nada, de meia dúzia de certidões vendidas, de poemas por encomenda.

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