terça-feira, março 27, 2007

** Apontamentos 5

Juro que tentei, o caminho de casa em silêncio, longe de tudo, ausente, distante pela primeira vez. Juro que tentei, duas folhas escritas em tom apressado, e as lágrimas que soube bem chorar. Juro que tentei, que não parei de tentar. Os detalhes planeados de forma exaustiva, para que não fosse fácil esquecer, para que não conseguisses esquecer. O tempo que gastamos em duvidosos momentos de felicidade foi uma parte de tudo o que tentei, de tudo o que juro que tentei.

segunda-feira, março 19, 2007

** Um dia de Primavera

A erva era alta, crescia por toda a parte no quintal abandonado, cobria os caminhos desenhados com gravilha escura. Árvores encostadas aos altos muros do fundo enchiam com sombra o tanque de água podre. Não entrava ali ninguém há anos e era necessário contornar arbustos e silvas para passar. A primavera fazia-se sentir no verde vibrante que enchia o local. A porta de madeira estava partida, a cerca derrubada, foi fácil passar para a parte interior atrás do barracão. Junto às árvores, tábuas velhas amontoadas entre o tanque e o muro pareciam perfeitas. Sem pressa foram retiradas uma a uma. Dentro do barracão havia ferramentas, a enxada velha servia para o efeito. Uma hora mais tarde a enxada estava no local de onde fora retirada, a terra remexida era pouco a pouco coberta pelas tábuas, tudo estava como no início, o crime estava encoberto, o cadáver estava enterrado.