quinta-feira, julho 19, 2007

** E depois,

Eu nem preciso de muito, coisa pouca basta, nunca fui de grandezas, nem almejei mais do que o que tenho, sendo o que tenho mais ou menos o que preciso, graças a deus.

(E depois, de resto, a bem dizer não esqueço.)

A sério, é como te digo, e não me olhes assim, bem sei o que pensas.

(E depois de resto, não só sei, como acredito ter razão.)

O que levo a mal é teres saído assim, sem uma despedida sequer, ao menos um beijo apressado, uma explicação, coisa pouca, meia dúzia de palavras talvez, eu não pedia muito.

(E depois, certo é que não mudava nada, mas ficava bem pelo menos, ao menos isso)

O que levo mesmo a mal, isso não entendo por mais que tentes explicar,

(E depois, no fundo, e afinal, nem te guardo rancor)

O que levo mesmo a mal, é estares aqui, mais valia que te tivesses esquecido de voltar.

(E depois, nem penses, nem penses que te deixo ficar)

Cuidas tu que só por ser como sou te vou deixar ficar? Só porque me pedes? Só porque sim?

(E depois, que raiva dá, esse teu não sei quê que me confunde.)

Eu... nem preciso de muito, coisa pouca basta, mas também, caramba, deves compreender que existem limites e que...

(...)

terça-feira, julho 17, 2007

** Abstracto

Um dia qualquer, uma tarde qualquer, a praia deserta.

- Sabe tão bem, o vazio.

- O vazio não têm sabor.

Um dia qualquer, uma tarde qualquer, o quarto em silêncio.

- A ausência de sentimentos faz-me feliz.

- A felicidade é um sentimento.

Um dia como este ou outro qualquer, um final de tarde, a estrada molhada.

- E depois? a vida é isto e aquilo, o nada e o tudo, o sem sentido mais que tudo.

- As pequenas coisas, as ausências mais que o resto.

- O que faz mais sentido na vida é o não existir um sentido, a começar pelas palavras.

- Sim, e porque não?

segunda-feira, julho 16, 2007

** Tina

Não aprendi ainda a ver o que és, quem és, o que significas ao certo para mim. A verdade é que via como eras, como foste, como te desenhei um dia. E quando por momentos invocava a tua imagem, por precisar de recordar, por precisar de não esquecer, por precisar de nunca te esquecer, o que via era ilusão, imagem materializada e vaga do que restou, sépia envelhecida de um passado em que foste quase, apenas quase, real para mim.

Observei-te há dias, de forma crua, sem recorrer a qualquer memória, nem artifícios, nem filtros. Deixei por momentos de lado a pesada camada de utópica ilusão que me tolda sempre a percepção de ti, e observei, olhei, avaliei apenas. A diferença foi um choque confesso, não encontrei a menina de 22 anos, a mulher de quase 30 que olhava para mim, não eras tu. A meio caminho devo ter perdido a noção do tempo, a noção de ti, a meio caminho não aprendi a ver quem és. Gostava de perceber um dia tudo isto, todo este quase que é só nosso, quase querer, quase ter, quase amar. No final, como sempre, beijo-te, e os beijos são iguais, e tu és igual, nada mudou. Quando vou embora olho para trás, e tu ficas sentada a ver-me sair mais uma vez, e és exactamente igual ao que eras quando te conheci, Não aprendi ainda a ver quem és. Amo-te