quarta-feira, maio 23, 2007

** Oásis

Depois de atravessar o deserto, descansou um pouco, muito pouco porque a vida não é plana e os caminhos sucedem-se em cruzamentos que esperam escolhas insuspeitas onde se julgava ser a estrada em linha recta. Depois de atravessar o ermo lugar, pejado de silêncio e vazio, deixou à saída a morte que lhe fizera companhia, pressentida no adivinhar da queda, na doce e convidativa desistência.

- O que é preciso é esconder eventuais marcas, vestir a pele da personagem, entrar de rompante no mundo, representar de forma arrebatadora o papel principal num palco que seja só meu.

sexta-feira, maio 11, 2007



** Conteúdo de um silêncio

Gosto de te imaginar, não aqui, a luz tardia que se escapa por entre a janela mal fechada, o silêncio por entre o fumo do teu cigarro. Gosto de te imaginar, não agora, os minutos que passam sem pressa, o tempo que se saboreia em deleite e melancólica monotonia. assumes o teu tom de desafio, constante, habitual, familiar, e eu vagueio e desenho em tela invisível o que imagino serás um dia. Gosto de te ver, longe no espaço e no tempo, de descobrir que não desiludes as ilusões criadas, embora já não me pertenças. Observo na confortável distancia de um narrador ausente sem evitar o sorriso, por saber que não obstante a vontade de transpor a barreira, de reescrever um final feliz, este é tão perfeito como deve ser.

Regresso, continuas aqui. Levanto-me de repente, com um beijo e uma frase banal, arrumo prontamente os devaneios e as imagens que criei.

- Estamos atrasados meu amor.

quinta-feira, maio 10, 2007

** Linhas Soltas 4

E afinal a tua presença é apenas um aditivo a tudo o que de ti existe em mim. tão intensa, transforma cada ausência em pouco mais que nada.