sábado, dezembro 09, 2006

** Manhã

A rua é larga, a vida caminha devagar pelo passeio. Depois da curva a relva do jardim á beira rio, os barcos afastam de forma pachorrenta a água e seguem caminho por entre peixes e pássaros. O sol reflecte-se nos bancos de madeira vermelha e sente-se o cheiro da manhã. Mais à frente a máquina dos bilhetes engole moedas e devolve passagens, o comboio parte neste momento, bancos de dois lugares virados em grupos de quatro, quase todos vazios, o casal de namorados que conversa ao fundo, o homem que folheia o jornal lê negritos e ítalicos, a criança espreita o mundo que passa lá fora. meia dúzia de vidas alheias ao resto. duas paragens depois o jornal dobrado fica no banco, entram pessoas, a viagem recomeça, não importa onde termina, aqui mesmo, mais á frente outro jardim, mais ainda o mar e a areia molhada com pegadas de gaivotas. A vida repete-se de forma metódica em espirais asimétricas e incompletas.

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