** Multiverso
Estou a tentar habituar-me à ideia de deixares de fazer parte do meu dia, mas confesso que é uma ideia de merda.
Ontem li que, em 1957, um físico americano propôs uma tese sobre universos paralelos. Achei auspicioso que, algures, duas versões nossas se tenham conhecido da mesma forma, mas tenham encontrado maneira de continuar na vida um do outro.
É bonita a possibilidade de que, noutro universo, passemos ainda horas em debates abstratos, com a leveza com que listamos banalidades, na esperança adolescente de que um detalhe, nos coloque em desacordo.
O que não me parece justo, é a versão do universo que me calhou: Em que tudo o que tenho são memórias e o vazio que deixaste em mim.
Sabes, nunca fui muito altruísta. Não me consola saber de mecânicas quânticas que originam a sorte alheia. O que queria mesmo era sentir a tua pele, o teu cheiro, rir contigo pela noite dentro até a barriga doer.
Só mais uma vez. Juro que era só mais uma vez.
E talvez, no processo de bifurcação de universos, eu tivesse mais sorte. Talvez, desta vez, fôssemos nós a cópia boa.
Estou a tentar habituar-me à ideia de deixares de fazer parte do meu dia, enquanto penso em teorias de multiverso e no facto de que, em todas as versões, haverá sempre, em algum momento, um fim.
Talvez, a nossa versão seja já a boa afinal. Apenas por termos existido, por termos sido perfeitos, ainda que por instantes, o nosso universo cumpriu a sua função.
Fomos, por um momento, tudo.
Talvez isso seja suficiente…
terça-feira, novembro 11, 2025
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