quarta-feira, novembro 28, 2007

** Não faz sentido ser outra coisa

Ele jura a pés juntos que é amor, que não faz sentido ser outra coisa. Dizem as más línguas que mal se conhecem. Ela diz que sim, que é capaz de ser isso, é provavelmente como ele diz. Ele passa os dias em alvoroço, liga a toda a hora, não pensa em mais nada. Dizem as más línguas que a coisa não vai longe por certo. Ela atende, dá conversa, faz o que têm a fazer enquanto fala. Ele apanhou o autocarro e depois o comboio só para a ver. Dizem as más línguas que saiu à bocado ainda não voltou. Ela não estava à espera de o ver chegar. Ele não compreende como foi possível, não sabe o que aconteceu nos últimos minutos, os lençóis brancos manchados de sangue, a faca caída no tapete. Dizem as más línguas que sempre foi um bom moço, bom vizinho, bom cidadão. Ela não estava à espera de o ver chegar. Ele jura a pés juntos que é amor, que não faz sentido ser outra coisa.

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