terça-feira, novembro 27, 2007

** Já te procurei tantas vezes

Já te procurei tantas vezes, nem sei ao certo o que procuro afinal. Já te procurei tantas vezes, de tantas formas que nem sei se te passei ao lado sem querer, se estavas sentado no banco da frente do 714, se sais-te em Caselas ou no hospital Egas Moniz. Já te procurei tantas vezes, que te encontro em todo o lado antes de descobrir que não és tu que espreitas por entre a multidão que sobe as escadas do metro no Marquês, que não és tu a sair do café de esquina na travessa da Nazaré com a rua das olarias (onde compravas aos domingos o jornal que folheavas no jardim em frente). Já perguntei por ti a uma data de gente, já corri a lista telefónica não fosses ter mudado de número, já fui a tua casa vezes sem conta, cheguei até a perguntar por ti ao casal que lá mora agora. Tenho andado perdida estes últimos meses, acordo quase sempre aflita não te tivesses tu esquecido de levantar, não fosses chegar atrasado ao emprego (depois vais a correr e ainda tens um acidente, ainda ouves um raspanete bem merecido do teu chefe, ainda tens de fazer horas extra). Já te procurei tantas vezes sem te encontrar, e ainda não fui capaz de mexer nas tuas coisas, bem sei que gostas de tudo no seu sítio, que vais querer tudo como estava quando decidires voltar.

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