quarta-feira, fevereiro 28, 2007

** Imprevistos

Nada o fazia prever, disso recorda-se bem, os restantes detalhes são quase todos imprecisos, aprecem misturados com instantes inocentes, catalisadores insuspeitos da memória, a publicidade ao novo topo de gama, o trânsito infernal, a corrida apressada, ela nunca gostou de esperar. Ao certo foi em Abril, um amigo de longa data de regresso, André, foi á sua conta que a conheceu, entre a amena cavaqueira de café, olhares que se cruzam, e tudo o que veio por acréscimo se torna disforme numa das muitas tentavias dolorosas de não esquecer. Bebe o copo de um trago, acende um cigarro, não entende como é possível que se tenham insinuado tantos lapsos de tempo numa história simples e fácil de recordar. o pequeno almoço intocado, não já no café, num quarto de hotel, o sol por entre as cortinas, a cama desfeita. A casa vazia, nada de novo, ele escreve, palavras ao acaso. A viagem a Ceuta, a casa alugada no regresso, como se todo o tempo fosse pouco, como se fosse um crime desperdiçar mais um dia.

Nada o fazia prever, disso recorda-se bem, a casa vazia, as palavras que restam, porque sim meu amor, porque não sou o que mereces, porque eu não presto. Ele vagueia pelos quartos, o silêncio, os objectos de que se vai livrando, as palavras que ficam, porque sim meu amor, porque não sou o que mereces, porque eu não presto.

1 comentário:

Unknown disse...

Alfredo (hehe), pára de dizer disparates ao teu amigo imaginário...