terça-feira, janeiro 16, 2007

** Quando quiseres

Gostava que olhasses desse lado do quarto, desse lado da tua vida, e como se as certezas emprestadas fossem suficientes, respondesses, desta vez com palavras, perceptíveis se possível, ao que te pergunto há semanas. Gostava de eliminar os rodeios, as respostas com pontos de interrogação, uma resposta deve ter ponto final a fechar de forma definitiva a ideia. Gostava que a coragem não fosse só uma palavra, daquelas que usas nos teus discursos eloquentes, gostava que tivesses coragem para variar, só desta vez. Conto em silêncio os dias, sei ao que vens, estou mais do que pronta. E quando feitas as contas, cadernos fechados, despojos vendidos, quando sem remorsos nem saudade se der por concluída a operação a que te propuseste, últimas palavras em tom de despedida apressada, Quando finalmente saíres, a casa em silêncio, tudo o que fomos esquecido, as molduras vazias, um copo de vinho, um livro qualquer, a televisão desligada, podes levar a televisão se não te causar transtorno. Quando finalmente sentir que já não existes, sei que não vou notar a tua falta.

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