quarta-feira, setembro 05, 2007

** Qualquer coisa

Qualquer coisa acaba por servir, perdeste a aposta, continuas a escrever cartas na primeira pessoa do singular, a divagar sobre pequenas coisas que acabam enfim por servir. A lógica decomposta e esquartejada da tua opinião, a lógica por ti diluída, porque preferes assim, porque tens por certo que no fim, feitas as contas, afixados os resultados, no fim, qualquer coisa acaba por servir. Eu observo, como sempre, o abstracto da tua arte, o abstracto do teu discurso disperso, o abstracto da tua desilusão, e no fim, depois de um breve interlúdio, suficiente apenas para amainar a tempestade, no fim, depois de cuidadosamente limpar lágrimas e agruras, digo devagar, qualquer coisa, ou exactamente o que queres ouvir, e qualquer coisa acaba por servir.

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