sexta-feira, dezembro 19, 2008

** Outubro

Era Outubro, como de resto por certo te lembras.

(Seis anos atrás (mais coisa menos coisa) começava assim o texto, começava assim cada paragrafo, terminava assim seguido de reticencias (e dai não terminava, o plano era acrescentar uma pitada de qualquer coisa).

Era Outubro, como de resto por certo te lembras, (aqui entrava um primeiro paragrafo que me pareceu na minha imodesta opinião soberbo, tinha a palavra lágrimas, a palavra chão e uns quantos advérbios de modo a jeito, assim a tornar tudo meio lamechas)

Era Outubro, como de resto por certo te lembras, (Aqui a coisa a modos que se tornava mais grave, tinha frases como, as folhas secas caídas no jardim, e falava sobre o facto de estares descalça e de eu desta vez ser capaz de me descalçar e correr contigo. (Não abona em nada a meu favor é certo)

Era Outubro, como de resto por certo te lembras, (Curioso como o tempo, a seu tempo me foi desprovendo da capacidade de apreciar este tipo de coisas, e tenho tentado, a sério que sim, tenho tentado provar que não só aos 15 anos conseguia escrever poemas, já me habituei á ideia que não consigo repetir a proeza, tudo o que sai são linhas sem graça, muito mais prosa que rima, e prosa pobre acrescente-se (onde estás tu, imodesta opinião, que de ti sinto tanta falta).

(Poemas em projecto colocados de lado, shift+delete (mais rápido que reciclar, muito mais eficaz que rasgar a folha), tentei qualquer coisa que não fosse totalmente desprovida de sentimentos, e tudo o que saia eram palavras frias (palavras frias? que estupidez de frase.)

(E se nem consigo ao menos reescrever de memória um texto mau (muito mau) que ficou, e fica assim incompleto, então e melhor parar aqui.)


Talvez só, neste espacinho que sobra, acrescente a frase:

O que importa teres estado com outra pessoa, se quando estou contigo és meu?

Só porque me parece bem (leia-se com aspas).

Era Outubro, como de resto por certo te lembras...

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